Paradoxo de Moravec: Jogar xadrez é mais “simples” que mascar chicletes

Paradoxo de Moravec: Como jogar xadrez pode ser mais “simples” do que mascar chicletes e andar.

Para iniciar, vamos ver um exemplo prático, em 1997, foi a primeira vez que uma Inteligência Artificial (o computador Deep Blue da IBM) venceu o campeão mundial de xadrez.

23 anos se passaram e, cada vez mais, os computadores conseguem processar raciocínio lógico de forma mais produtiva e eficaz.

Exemplo disso, que um simples aplicativo de celular pode processar uma quantidade de informação absurda.

Mas sabe o que é mais curioso de tudo isso?

O ser humano vai muito além do raciocínio lógico. O pensamento racional é uma parte do nosso processo de inteligência.

Temos um “detalhe” em nossa inteligência, que é a habilidade sensório-motora.

O Paradoxo de Moravec é a observação de pesquisadores de inteligência artificial que nos mostra, que o raciocínio requer muito pouco cálculo, mas as habilidades sensório-motoras exigem enormes recursos computacionais.

Na prática, sabe quando você coloca a mão em uma superfície quente e tira imediatamente?

Pois é, você não precisou parar e pensar racionalmente que estava quente, que era melhor tirar a mão para não queimar.

O que ocorre na prática? Você tira a mão imediatamente e pronto!

O incrível do ser humano é isso, essa parte da inteligência sensório-motora ainda não foi mapeada completamente pelos cientistas e, consequentemente, ainda não é possível “ensinar” com precisão para os sistemas de inteligência artificial.

Por isso, que jogar um xadrez e ganhar do melhor do mundo, é muito “mais fácil” de ser ensinado para um computador, pois são informações 100% lógicas e racionais.

Agora, ensinar um robô andar igual ao ser humano, ter os mesmos comportamentos sensoriais e motores, tomar decisões com base em ações inéditas da vida ou escrever um texto proposital de humor, ainda é um desafio para os estudiosos da inteligência artificial.

E isso tem uma explicação lógica: A EVOLUÇÃO.

Demoramos milhões de anos para falar, andar e ser como somos hoje. Mas demoramos muito menos (alguns milhares de anos) para produzir raciocino lógico.

Veja, não estou falando que é impossível, apenas está um pouco distante. Hoje já vemos robôs “humanoides” que andam e quem falam. Mas longe de serem iguais ao ser humano.

Concluindo, por mais paradoxal que seja, podemos afirmar que é mais “fácil” ensinar uma máquina ganhar do melhor jogador de xadrez do mundo (o que ocorreu em 1997) do que ensinar atividades aparentemente simples para nós humanos.

Por qual motivo? Pois exige habilidades sensório-motoras.

O mais incrível do avanço tecnológico e científico, é que, em poucos anos, tudo pode mudar e as máquinas serem capazes de dominar “outras inteligências”.

Vamos ver, o futuro irá nos mostrar!

Fontes:
– Hassabis, D. Artificial Intelligence: Chess match of the century. Nature 544, 413–414 (2017).
– Rotenberg, Vadim S. “Moravec’s paradox: consideration in the context of two brain hemisphere functions.” Activitas Nervosa Superior 55.3 (2013): 108-111.

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Prof. Filipe Iorio

Fundador do MapaMental.org, especialista em Neurociências e Comportamento pela PUCRS e autor do Livro Aprendizado Eficaz.

Há mais de uma década, tem se dedicado ao estudo do cérebro humano, dos processos de aprendizagem e das técnicas de alta performance mental.

Ao longo de sua trajetória, já proporcionou auxílio e orientação a mais de 35 mil alunos, por meio de seus treinamentos e mentorias.